domingo, 19 de setembro de 2010

Dons Espirituais: Talentos potencializados


Qual, ou quais talentos possuímos? Em que nos destacamos por nossa desenvoltura? Todos nós possuímos talento, sejam eles inatos ou adquiridos, mas possuímos. Alguém pode dizer que não possui talento, que não se destaca em nada. Ao me deparar com essa afirmação, lembro-me de um neuropsicólogo chamado Gardner que em seu livro “Margem da Mente: a teoria das inteligências múltiplas” escreve sobre a inteligência afirmando que os seres humanos são detentores, não de uma, mas, de sete inteligências e que, por percursos da vida, umas são mais estimuladas e outras não, mas as pessoas são capazes de desenvolver todas. Resumidamente, as inteligências são: a lingüística (característica de poetas, escritores, redatores, oradores, etc.), lógico-matemática (presente nos cientistas, advogados, matemáticos, etc.), corporal-sinestésica (o corpo age liderado pelo cérebro. Característica inerente a atletas, mímicos, atores, etc.), espacial (capacidade de formar modelos mentais no campo do concreto como fazem os arquitetos, engenheiros, escultores, decoradores, cirurgiões, etc.), musical (compositores, cantores e músicos de forma geral possuem essa forma de inteligência), naturalista (inerente a pessoas que distinguem, classificam e utilizam elementos do meio ambiente como biólogos, camponeses, caçadores, etc.) e a inteligência emocional que engloba intra-pessoal e interpessoal (a intra-pessoal corresponde a capacidade que a pessoa tem de auto-controle, auto-conhecimento. Pessoas com essa inteligência desenvolvida são grandes líderes. A interpessoal refere-se aquelas pessoas que têm grande poder de persuasão e de percepção do outro. É característica dos políticos, profissionais de marketing, pastores, etc.).

O que Gardner chama de inteligência em seu livro, aqui eu denomino de talento. Por falar em talento, novamente, como podemos usar estes talentos na propagação do Reino? Bem, antes de responder essa pergunta é necessário ter em mente que talento que propaga Reino de Deus, é talento potencializado pelo Espírito Santo. Sendo assim, deixa de ser talento para ser dom do Espírito Santo. Partindo dessa visão, da teologia sistemática, segue-se na linha de pensamento no que diz respeito à divisão de dons em duas vertentes: dons naturais e miraculosos. Respectivamente esses dons são definidos como relacionados a talentos de esfera mais humana, mais naturais e talentos relacionados a esfera do sobrenatural, menos naturais. O apóstolo Paulo em Rm 12:6-8 e em I Co 7:1-7, cita alguns dons naturais e miraculosos (o da palavra, sabedoria, profecia, casamento, celibato, etc.) e apesar de não citar todos, por serem muitos, ele afirma em Rm 12:4-7, 11, que há lugar, várias formas e modelos de exercê-los; e que eles são distribuídos pelo Espírito Santo que dá o dom a quem quiser, como quiser, se quiser e por quanto tempo quiser, objetivando o bem comum, o bem de todos da comunidade e a propagação do Reino de Deus. Pode-se exemplificar aqui, personagens bíblicos como Sansão (Jz 16:23-31) que tinha uma força absurda, dada por Deus, que lhe foi tirada por um determinado tempo de sua vida, mas que também retornou-lhe por um só e único momento, precedendo a sua morte.

Todavia, para que sejamos anunciadores do Reino, é necessário pontuar alguns pré-requisitos. Lendo o livro de Romanos 12:1-8, vê-se que é imprescindível estar disponível, dar-se a humildade e exercer com responsabilidade os dons distribuídos pelo Espírito Santo. Munidos desses pré-requisitos, estaríamos aptos a propagar o Reino, se Paulo tivesse parado no versículo oito; mas ele continua a escrever e a revelar o pré-requisito básico e indispensável para que o Reino de Deus seja difundido através de nossos dons: o amor.

Retornando a indagação do segundo parágrafo – como utilizar os dons (talentos potencializados pelo Espírito Santo) no Reino – a vida de Jesus é o maior exemplo de utilização dos dons na difusão deste Reino. Antes de qualquer exemplificação deve-se saber conceber que o Reino de Deus vai muito além dos muros da igreja, muito além das nossas reuniões, isso é apenas uma parte dele. Jesus exerceu seu ministério utilizando seus dons para o bem comum, o bem de quem estava a sua volta. Quem eram as companhias constantes de Cristo? A multidão. A multidão englobava doentes como a mulher do fluxo de sangue, os moribundos como o servo do centurião, marginalizados com a mulher que lhe lavou os pés na casa de Simão ou os cegos, aleijados e leprosos, pessoas aflitas como a viúva de Naim, enfim, pessoas comuns como eu e você. Ele exerceu tantos os dons naturais, quanto os dons miraculosos. Não se pode deixar de mencionar – o Novo Testamento está repleto de exemplos – suas curas e milagres, mas também a Bíblia revela que Cristo exercia maravilhosamente bem os seus dons naturais. Pode-se citar como forma de explanação, o dom de ensinar, de compaixão e de contar estórias (parábolas). Porém, o dom que Jesus exerceu e que alicerçou, solidificou, fundamentou e impulsionou todos os seus outros dons, foi o dom de se doar e de procurar desempenhá-los em prol do bem comum. Foi o dom de amar. Portanto, a exemplo de Cristo, se faz necessário que se olhe em volta, que se procure perceber as pessoas em suas necessidades e que se pratique os talentos que o Espírito Santo potencializa em prol do bem comum. Contudo, que isso seja realizado em amor, pois não havendo o amor, será apenas um talento, será apenas “(...) como um metal que soa ou como um sino que tine”, de nada se aproveita.

“(...) E eu que nada sou não tenho muito a dar, mas se eu tiver amor na vida que eu levar, eu saberei então, que o pouco que eu fiz não foi em vão. Valeu a pena sentir meu Deus feliz” (Stênio Marcius)

Um comentário:

Fabiana Melo disse...

Que texto lindo! Acho incrível como ainda há quem diga que não tem talentos a oferecer ao Senhor. Como não??? Com um Deus de graça multiforme como Ele, só nos resta pedir pra desenvolver nossas habilidades que, com toda certeza, estão ali!