quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A EXCELÊNCIA SOB QUAISQUER CIRCUNSTÂNCIAS I Samuel 21:10-15

Pr Alexandre Carneiro


Antes de assumir o trono de Israel, Davi foi caçado infatigavelmente por seu antecessor que de certo modo já previa a sua ascensão política ao mais elevado posto do país. Davi viveu os mais difíceis dias de sua vida sob a ameaça contínua do rei Saul. O tipo de perseguidor no qual Saul se tornou não age por princípios éticos; não respeita lei, nem o direito; não poupa a família; mente, suborna e assassina. Saul, a despeito de ocupar um lugar privilegiado e possuir qualidades que o elevaram ao trono se sentia ameaçado por Davi. Os lugares de poder quando se sentem ameaçados se tornam violentos. por outro lado, muita gente em função de autoridade que sabe administrar pessoas comuns se desestabiliza quando recebe sob seu comando gente melhor preparada para certas funções. A vida e o desempenho público de Saul começaram a desmoronar quando a presença de uma pessoa capaz expôs a fraqueza dele e, aí, o rei partiu para o ataque. Toda liderança é questionável na circunstância em que para se manter precisa eliminar de seu círculo de convivência pessoas capazes. O trecho de I Sm 21:10-15 se situa nesse contexto e vai revelar nuances do comportamento de pessoas capazes sob clima de perseguição. Uma das primeiras invocações do texto grifa os territórios que enfatizam a manifestação de habilidades diferenciais e, ainda que a despeito da rejeição, os valores que brotam da alma não podem ser contidos. Essas duas questões devem seriamente ser consideradas.
Primeiramente, porque mostra a degradação de certos sistemas ou de certas lideranças que não sabem conviver com o talento, pois convivência com o talento requer certa grandeza; o fato é que, quando um ambiente se fecha para algum tipo de excelência representa uma escala baixíssima de dignidade humana. No entanto, a grandeza da alma humana não tem lugar específico para aparecer; brota em qualquer canto provável e improvável. Devemos considerar que a exemplo do que ocorreu com Davi e com outros mais, as pessoas que têm vocação para produzirem excelência farão isso sobre quaisquer circunstâncias. O talento humano possui vocação nobre e quanto maior for a resistência do lugar, mais nobre será a missão. Há de se convir que quanto maior for o grau de rejeição muito mais necessária será a presença de talento aí. Mas o que me chamou a atenção no texto foi o fato de Davi ter se passado por louco quando hóspede de Aquis, rei de Gate. Os súditos do rei o informaram da importância política de Davi em seu país, deduzindo-o uma ameaça. Ao tomar conhecimento do comentário, Davi temeu e fingiu-se de doido, de modo que babava e se esgravatava nos postigos das portas, fazendo com que todos acreditassem, inclusive o rei, que enlouquecera. O episódio me interessou e me motivou a questionar entre outras coisas: Qual a conduta adequada dos que operam a excelência quando perseguidos? O que significa de fato o princípio da dependência de Deus? Que lugar a matéria do fingimento tem na vida dos que almejam o bem? Como vocês podem ver, temos questões sérias para pensar!

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